Restaurante Casas do Bragal, em Coimbra

 

Começando com o pé direito a contar a vocês sobre minhas experiências gastronômicas em Portugal. Eu dava muita risada quando o Ale ou minha mãe falavam “Meu Deus, você está comendo mais do que em qualquer outra viagem”. E foi verdade. Comi muuuuito e comi muito bem também. Não iria adiantar comer muito e comer mal, não é?! Mas isso é quase impossível em Portugal. Não consigo imaginar algum restaurante que sirva algo que seja menos do que “muito bom” por lá. Se tiver, eu não conheci.

Na minha primeira noite em Portugal, eu estava em Coimbra e já fui a um dos melhores e mais tradicionais restaurantes da cidade. Casas do Bragal. Como fui jantar, não vi a vista que o local tem, mas tenho certeza que durante o dia deve ser ainda mais lindo, pois fica bem no alto com uma vista linda para a cidade. Mas, quem precisa de vista bonita quando se está prestes a saborear alguns dos melhores pratos da vida, não é?!

Fui muito bem recebida pelo Eugênio e por sua querida esposa Manuela. Dois portugueses tradicionais, divertidos, que amam sua cultura, amam a gastronomia que fazem e amam ainda mais, espalhar tudo isso para as pessoas que visitam seu restaurante. Acho que grande parte da minha admiração por Portugal, veio das pessoas. Com certeza, esse casal está lista de “pessoas queridas que conheci em Portugal”. Eles cuidam do Casas do Bragal com tanto carinho e dedicação, que podemos sentir isso a cada garfada.

Para começar, quero dar uma notícia boa. Viajar para Portugal será mais leve para seu bolso. O país é um dos lugares mais baratos na Europa, em todos os sentidos. Na França, ano passado, o Ale e eu gastávamos em torno de 100 euros por jantar. Em Portugal, esse valor pode cair até pela metade. Mas isso não significa menor qualidade, ok?!

Meu jantar no Casas do Bragal começou com as entradinhas. O Eugênio fez questão que eu provasse pequenas porções de vários tipos de entradas que eles servem por lá. Carpaccio de vitela com azeite e rúcula, azeitonas temperadinhas (que sem dúvida alguma, foi a melhor azeitona que comi na vida), tempurá de legumes, uma pasta de aspargos e outras coisinhas que eu não lembro (hehehehe), uma trouxinha de cogumelos assada e um filé de um peixe de rio português que passou pro um processo de conservação complexo até chegar naquele sabor. Tudo isso regado a um bom vinho branco português da região do Douro (jamais tome outro vinho em Portugal sem que algum português).

Todas as entradas estavam fantásticas. Como mencionei acima, as azeitonas temperadas são um show a parte. Não sei como eles conseguem deixá-las com aquele sabor tão único e peculiar. Delicioso demais. Tudo bem leve, saboroso a ponto de ter uma festa na minha boca e no meu estômago. Adoro quando tenho vontade de ter um compartimento estomacal maior, para poder comer mais (hahahaha espírito de gordinha).

De prato principal, fiquei na dúvida. Mas acabei pedindo uma das coisas que mais gosto de comer. Vieiras (nada boba eu, né?!). Vieiras portuguesas, fresquinhas, deliciosas e no ponto certo. Vieiras com emulsão de azeite com arroz malandro de agriões. Vou explicar. O arroz malandro é parecido com o nosso risoto, mas é preparado de maneira diferente. Não leva queijo. E o Eugênio disse que usa algumas folhas que encontram nos campos de Portugal para dar sabores bem característicos aos pratos, incluindo isso. Ele me mostrou uma folhinha que eles encontram nas salinas, que é realmente salgada e eles adoram usar para preparar a comida. Não é demais?! Meu prato estava perfeito. Sinceramente, um dos melhores que já comi e de longe, o melhor prato de vieiras que já provei. Excelente.

Ainda bebendo aquele vinho branco do Douro (que super harmonizou com meu prato de vieiras), fui para a sobremesa. E fui com gosto (hahahaha). Lá você paga cerca de 6 euros e pode comer o que quiser do buffet de sobremesas. E é um senhor buffet! Palavras do Eugênio… “Prove uma colher pequena de cada um dos pratos doces”. Com o maior prazer! Foi creme português (que é tipo um leite condensado deles, mas mais leve), arroz doce, pudim de ovos, mousse de chocolate, caramelo com flor de sal e amendoim, mousse de café, creme de manga e vários doces que eram tipo o nosso pavê, porém com sabores e montagens diferentes. Chocolate, creme, café, tudo misturado e deliciosamente combinando os sabores. Foi demais.

Comi demais e comi muuuito bem no restaurante Casas do Bragal. Lá, fiquei sabendo diversas histórias da gastronomia portuguesa que eu não sabia. Uma delas é o porquê dos doces portugueses levarem tantos ovos e tantas gemas. É histórico. Os doces portugueses tem origem nos conventos. Antigamente, as freiras passavam roupas para ganhar dinheiro para sobreviver. Para isso, elas usavam apenas as claras dos ovos para engomar os tecidos. Para não jogar fora as gemas, elas as conservavam em açúcar. Bingo. Com o tempo elas passaram a criar diversas receitas com essas gemas. Por isso os doces portugueses têm essa característica de muitos ovos e muito açúcar.

Um detalhe que quero compartilhar com vocês. O restaurante já recebeu a visita de diversos ilustres ao longo de sua história de anos. Mas lá, se reparar nas paredes, poderá conhecer um pouco mais sobre os donos do local. Eugênio pinta quadros, sua esposa já foi modelo de alguns. Tudo tão português, que fica difícil não se emocionar com tudo. É como se eles estivessem pessoas todos os dias, não em seu estabelecimento comercial, mas em sua própria casa.

Eu adorei muito conhecer o restaurante Casas do Bragal e com certeza, ele é uma parada obrigatória quando estiver por Coimbra. Na verdade, acho que o restaurante é uma parada obrigatória quando estiver em Portugal. Lá é tudo perto, não custa nada pegar o carro e ir saborear os pratos que o Eugênio e sua esposa Manuela preparam com tanto carinho para nós. Para mim, foi uma experiência gastronômica inesquecível, com toda certeza. <3

Restaurante Casas do Bragal

Rua Damião de Góis, 3030. Coimbra. Portugal.

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