Capítulo 14

– Claire, será que você não está indo longe demais com essa história? – Disse Tiffany, se secando da água do banho que acabara de tomar. Enquanto Claire se vestia com um vestido rosé lindo, que marcava sua cintura.

– Tif, estamos nos tornando amigos! Ele não tem ninguém e é uma pessoa boa sim. Não tenho pretensão de abandonar o barco agora. Está tudo indo muito bem, melhor do que eu imaginava. E eu estou feliz por ter encontrado o Alex pra minha vida. Feliz de verdade! Como há muito tempo não ficava. – Claire olhou para a amiga e abaixou os ombros. Tif estava com cara de preocupada. – Ora! Não fique preocupada! – Ela respirou fundo. – Eu sei o que estou fazendo.

– Mas não sabe o que está sentindo! Ou melhor, – Tif ergueu o dedo e sorriu – você sabe exatamente o que está sentindo. Exatamente! Mas não admitiu para ninguém. Não sei nem se admitiu para você mesma. Estou certa? – Tif se sentou na cama, ao lado de Kissy que dormia bem folgada, enrolada na toalha e esperou por uma resposta. Claire não sabia o que dizer. Balançou a cabeça e mordeu os lábios com força.

– Tudo bem! – Ela ergueu os braços ao alto. – Eu acho que tem uma probabilidade de eu estar… Me… apaixonando por ele. Ok! Eu admito! Mas o que tem de errado nisso? – Claire estava se sentindo melhor depois de ter colocado seu sentimento para fora.

– Não tem nada de errado, amiga. Eu só fico preocupada porque você não o conhece bem, não sabe sua história e quem ele era antes de estar nas ruas!

– Eu já sei de tudo, Tiffany. Conversamos hoje e ele me contou sua história. – Claire engoliu seco e sentiu os olhos ficarem úmidos ao lembrar de tudo que ele havia passado. – Eu vou fazer de tudo para melhorar a vida dele. – Seus lábios tremeram e algumas lágrimas escaparam por seus olhos. – Ele é um guerreiro, Tiffany. Um guerreiro! E se eu tiver que ser a espada dele, ou o escudo, vou ser, porque eu quero ser. Vou ajudar a tornar a vida dele melhor. É isso que eu quero. E quero de coração! Eu estou apaixonada por ele. E sinto que talvez ele esteja se envolvendo também. – Ela respirou fundo e mais lágrimas caíram de seus olhos. – Quero que dê certo! Sei muito bem como as pessoas são, preconceituosas e egoístas. Vai ser difícil para algumas pessoas aceitá-lo, mas eu vou estar do lado dele. – Ela cobriu o rosto com as mãos e a amiga se levantou e foi abraçá-la.

– Calma, amiga. Calma. Se você vai estar do lado dele, eu vou estar do seu. – Tif apertou mais a amiga e elas sorriram. Tiffany sabia que a amiga iria precisar de ajuda e queria estar ao lado dela, como sempre.

Elas se afastaram e Claire olhou para o relógio. Era quase 21h e Alex era pontual, em poucos minutos ele iria chegar.

– Preciso terminar de me arrumar. Daqui a pouco ele chega.

Claire foi se maquiar, passar perfume, escolher o sapato e a bolsa.

– Vamos para qual karaokê mesmo? Pro Lucky Voice? – Perguntou Claire, colocando um par de brincos dourados com uma pedra branca na ponta.

– Ahh, sim. É aqui perto, podemos ir de táxi, bem rápido. – Respondeu Tif, passando rímel nos cílios e piscando para verificar o efeito.

– Ok. Está linda, amiga. Passa uma sombra marrom e dourada. – Claire calçou os sapatos num tom lilás e pegou sua bolsa na mão. – Vou fazer alguns drinks para tomarmos antes de ir.

– Eu quero Jägerbomb! – Tif deu um pulo e ergueu o braço. – Acho que você deveria fazer algumas rodadas de Jägerbomb! – Claire deu risada.

– Meu Deus! Você quer repetir nossa atuação naquela balada de Ibiza? – Disse Claire, rindo muito. – Pelo menos o que eu lembro daquele dia, foi uma das melhores baladas que já fomos. – Claire deu risada e Tif levou a mão ao estômago.

– Nem me lembre. Fiquei passando mal o dia seguinte inteiro. – Tif torceu os lábios. – Mas quero Jägerbomb, mesmo assim. Eu já vi a sua garrafa de Jägermeister!

– Vou preparar, sua louca! – Claire sorriu e foi para a sala.

Quando estava terminando de encher os copos de energético, escutou o interfone tocando. Era Alex. Em poucos segundos ele estava na porta do apartamento e sorriu ao ver Claire tão arrumada e linda. Pensou novamente que estava mirando muito alto em estar apaixonado por uma mulher tão fantástica e linda quanto Claire.

– Você gosta de Jägerbomb? Minha amiga me obrigou a fazer algumas rodadas para tomarmos antes de partirmos. – Disse Claire, enquanto Alex se sentava no banco que estava à frente de Claire. Eles se olharam e ela pode perceber que ele estava lindo, novamente de cabelos molhados e com outra camiseta que ela havia dado a ele.

– Claro que gosto! Que inglês não bebe Jägerbomb? – Ele sorriu e ela também. Ele notou que os olhos azuis dela, estavam mais realçados devido a maquiagem que ela havia feito. O impossível aconteceu e ela estava ainda mais linda que o normal.

– Que bom! – Claire passou um copo para ele, dois copos, um dentro do outro. O maior estava repleto de energético e o menor, que estava no centro do maior, estava cheio até a boca de Jägermeister. E tinha mais 5 copos iguais. Cada um deveria beber pelo menos 2. – Tiffany! Venha ou vamos beber sem você.

– Estou indo! – Tif gritou do quarto e em poucos segundos ela apareceu correndo na sala, colocando uma pulseira no punho. Ela olhou para Alex e se surpreendeu com sua aparência, bem diferente do homem que havia visto no domingo passado. Ela sorriu para ele e o beijou no rosto. – Muito prazer, sou Tiffany. A melhor amiga dessa mulher aqui. – E indicou Claire com a cabeça.

– Muito prazer, Tiffany. Sou Alex, a caça mais recente dessa mulher aqui. – E ele indicou Claire com a cabeça e todos riram. Claire abriu os braços e deu risada.

– Onde está meu copo? – Perguntou Tif. Claire passou um copo para ela e pegou outro.

– Vamos fazer um brinde! – Disse Claire. – Um brinde à nós três e que nossos sonhos e objetivos se tornem realidade. – Claire olhou para Alex e eles sorriram. Tif olhou para os dois e quis dar uma apimentada na história.

– E eu também quero… – Ela respirou fundo e os dois olharam para Tif, sem entender nada, mas Claire já ficou com medo do que estava por vir. – Brindar aos encontros da vida e às coisas que acontecem, inesperadamente e mudam todo o rumo de corações que jamais haviam pensado em se apaixonar. – Claire, incrédula e de boca aberta, olhou para Tif, que dava risada. Ela sentiu vontade de espancar a amiga. Alex deu risada, olhando para Claire e todos brindaram, virando o copo na sequência. Batendo os copos no balcão do bar de Claire. – Uau! Quero mais uns 5 desse! – Declarou Tif.

– Mais um, apenas! Senão a gente nem chega ao bar. – Claire distribuiu o outro copo para todos e logo viraram novamente.

– Eu tinha esquecido o quanto isso é bom! – Disse Alex, batendo o copo no balcão.

– Você não faz ideia do que Claire pode fazer com alguns drinks desse na cabeça, mais limão e tequila. – Disse Tif e Alex gargalhou.

– Tiffany! – Claire mordeu os lábios de raiva e ainda queria espancar a amiga.

– Depois você me conta, então. Fiquei curioso agora. – Disse Alex sorrindo e olhou para Claire que estava com as bochechas vermelhas de raiva.

– Vou buscar minha bolsa. – Disse Tiffany, sorrindo para Claire e sumindo pelo corredor.

– Sua amiga é engraçada.

– Ela vai ficar mais engraçada ainda, depois de alguns socos e pontapés que pretendo dar nela quando ficarmos sozinhas. – Claire disse, apertando uma mão contra a outra e Alex deu risada. – Não vou fazer isso na sua frente, pois detesto testemunhas quando pretendo praticar algum crime. – Alex deu mais risada.

Minutos depois, os três estavam em um táxi rumo ao bairro Soho, bem perto de onde Claire morava. A noite estava agradável e não estava tão frio. Não chovia e havia estrelas no céu.

Ao entrar no bar, Tif avistou seu grupo de amigos e Sam estava com eles. Claire havia o evitado a semana toda e não tinha retornado suas ligações. Pensou que ele não iria ao encontro deles.

– Ahh, droga! – Disse Claire, baixinho, ao lado de Alex.

– Está tudo bem?

– É só um cara que eu dei uma sumida essa semana. Saímos algumas vezes, mas eu não quis mais. Achei melhor sumir.

– Humm… O melhor seria mesmo, você contar para ele a verdade. – Disse Alex e Claire assentiu.

Ela viu Sam olhando para eles chegando e percebeu que ele ficou olhando para Alex mais tempo do que deveria. Com certeza estava achando que eles estavam juntos. Alex percebeu e se sentiu incomodado com o olhar dele. Claire agarrou no braço de Alex ao se aproximar e o apresentou a todos, animadamente.

– Namorado novo? – Perguntou Sam, no ouvido de Claire, quando eles se abraçaram.

– Ele não é meu namorado, Sam. É um amigo.

Sam parecia não ligar muito para a explicação de Claire, que se afastou e voltou ao lado de Alex. Ela tinha prometido para si mesma, de que não iria deixar Alex sozinho naquele ambiente que ele não conhecia ninguém e poderia se sentir deslocado ou perdido.

– Alex, o que você quer beber? Quer continuar no Jäger? – Ela perguntou dando risada.

– Eu bebo qualquer coisa, Claire. Mas não precisa se incomodar com isso. Estou bem assim. Beber aquelas duas bombas já foi suficiente. – Ele sorriu, timidamente. Claire colocou a mão em seu ombro e apertou seus músculos.

– Tudo bem. Então eu vou escolher. – Ela se virou e foi ao bar. Em poucos minutos ela estava de volta com um copo de gin para ele e outro para ela.

A noite foi passando, depois do gin veio a tequila e eles já estavam animados demais. Escutavam as pessoas cantando e alguns eram péssimos. Claire analisava todas as vozes com Alex e muitas vezes, dizia besteiras, o que provocava crises de risos em Alex.

Sam percebeu que Claire estava pagando as bebidas de Alex e não entendeu o porquê. Perguntou discretamente para Tiffany, que já estava bem mais bêbada que todos e ela disse, que ele era a nova descoberta de Claire, mas que ele não tinha casa para morar. Sam achou aquilo um absurdo e sentiu raiva por ter sido trocado por um morador de rua.

No momento em que Alex foi ao banheiro e Claire ficou sozinha, puxando com um canudinho um pouco de água que estava tomando, Sam se aproximou e a segurou pelo braço, com certa força.

– Como você pode me trocar por um morador de rua, Claire? – Sam disse agressivamente e Claire puxou seu braço da mão dele e deu um passo para trás, o olhando sem entender nada.

– Cuide da sua vida, Sam. E não encoste em mim! – Ela disse, tão agressiva quanto ele estava sendo com ela, colocando um dedo na cara dele.

– Eu sou um empresário, bem sucedido e qualquer mulher quer ficar comigo. Como pode me trocar por um cara que não tem nem casa? Você é louca ou o quê?

– Cale sua boca e não fale do que você não sabe! – Ela apontou o dedo bem na cara dele. – E aliás, o Alex é incrivelmente superior a você. Pelo menos ele não é um babaca, arrogante que se acha melhor que qualquer pessoa. Ele é simples sim, de alma e de vida. Mas ele é muito melhor que você.

Claire viu que havia conseguido deixar Sam de cabeça quente e ele parecia estar com o sangue fervendo. Eles ficaram se olhando e Claire deu graças a Deus que havia se desinteressado por ele. Não gostava de pessoas desse tipo por perto. Ainda mais tão perto quanto Sam queria ficar à ela.

– Está tudo bem, Claire? – Disse Alex, surgindo de trás de Sam e se colocando ao lado de Claire, encarando Sam. Viu Sam cerrando os olhos e Claire achou que ele poderia iniciar uma briga com Alex. Era a última coisa que queria que acontecesse.

– Nosso próximo cantor a subir no palco se chama Alex!

A voz do DJ que organizava as apresentações do karaokê, fez com que Claire e Alex olhassem para ele e Claire caiu na gargalhada.

– Não acredito que fez isso, Claire.

– Fiz! Vá! Pode ir se acostumando!- Ela tomou o copo de cerveja da mão dele e o empurrou para ir ao palco, ficando de costas para Sam. Esquecendo que ele estava ali.

Tiffany se aproximou de Claire e se apoiou no ombro dela, que estava olhando para Alex caminhando em direção ao palco.

– Quero ver se ele canta bem mesmo. – Disse Tif.

– É o melhor! Você vai ver.

No palco, Alex subiu e pode escutar alguns gritinhos de mulheres que ele sabia que não era de Claire. Estava acanhado, fazia muito tempo que ele não subia em um palco para cantar.

– O que vai cantar para nós hoje? – Perguntou o DJ para Alex, enquanto lhe dava um microfone.

– Você tem um violão? Posso tocar a música com o violão. – Alex pediu para o DJ que assentiu e foi buscar um violão, que voltou segundos depois e ele escutou mais gritinhos das meninas.

– O que pretende cantar?

– Gravity, do John Mayer. – Alex disse e sua escolha fez com que o DJ sorrisse.

– Vai ficar legal com o violão. Boa sorte.

Poucos segundos depois, Alex com o violão, começou a tocar a música, fazendo os solos incrivelmente bem. E assim que ele abriu a boca para cantar, todos gritaram, principalmente as mulheres.

Tiffany ficou de boca aberta ao lado de Claire, que sorria olhando para Alex e ele para ela, ignorando qualquer outra pessoa que estivesse lá o escutando cantar. Ele só tinha olhos para ela.

– Meu Deus! Agora entendo porque você o caçou tanto! O cara é demais! Que voz é essa? – Disse Tif para Claire que apenas assentiu.

– Sim, a voz dele é demais. – Ela escutou uma menina de uns 20 anos, que estava na frente dela comentando que Alex estava olhando para a direção delas e se empolgou com a ideia de que ele talvez pudesse estar cantando para ela. Claire deu risada e pensou que ela estava certa quanto ao futuro delírio das fãs em cima dele. Sentiu uma pontada de ciúmes quando a menina disse que queria levá-lo para casa naquela noite.

Alex continuou cantando olhando para Claire e todos no bar estavam olhando para ele e o achando um ótimo cantor.

Quando ele terminou, todos batiam palmas e gritavam. Ele se sentiu vivo e feliz. Ele olhou para a mulher que havia trazido luz para sua vida e viu seu sorriso. Ele se sentiu completo, como nunca havia se sentido. Tinha certeza de que estava perdidamente apaixonado por ela.

Ele desceu do palco, ainda sobre muitas palmas. Caminhou na direção de Claire e as meninas se excitaram, achando que ele estava indo atrás delas. Mas ele passou por elas sem nem as notar e abraçou Claire, que sorriu e fechou os olhos.

– Você foi fabuloso! Como sempre! – Disse Claire, ainda se abraçando. Ele estava emocionado.

– Claire, – eles se olharam, ainda abraçados – obrigado! Obrigado por tudo que tem feito na minha vida. Tudo!

– Ora Alex. Não me agradeça! Eu só estou te ajudando. Você está fazendo tudo sozinho, porque eu não estou cantando e tocando por você. – Ela piscou para ele.

– Quem será nosso próximo cantor ou cantora? – Perguntou o DJ de cima do palco.

– CLAAAAAAIREEEE!!!! – Gritou Tiffany do lado dela. – A CLAIRE VAI CANTAR!!! – Tiffany estava correndo o risco de ser espancada novamente. Alex deu risada e puxou Claire.

– Vá cantar! – Ordenou Alex, rindo muito. Todos estavam meio bêbados. Com exceção de Tif que estava completamente.

– Eu não sei cantar! Vocês estão loucos? – Claire se desesperou com a possibilidade de subir em um palco para cantar.

– Venha Claire! Não se acanhe! – Disse o DJ de cima do palco. – Seu namorado já veio, agora é sua vez! – Todos olharam para eles e Claire sentiu seu corpo inteiro queimar de timidez. Alex gargalhou e foi empurrando Claire.

– Vá para o palco, namorada! – Alex a empurrou para cima e o DJ puxou sua mão.

Claire não estava acreditando que estava ali. Tudo por culpa de Tiffany. Ela planejou uma conversa muito séria com a amiga no dia seguinte. Como sempre, Tif a deixando envergonhada e a fazendo entrar em situações embaraçosas.

– O que vai cantar, Claire? – Perguntou o DJ.

Claire estava travada. Não iria conseguir cantar, pois não estava nem conseguindo falar com o DJ. Olhou para Alex que estava fazendo sinal de positivo para ela, para que ela continuasse. Ela respirou fundo e balançou a cabeça.

– Ok. – Ela puxou o ar. – Valerie, da Amy Winehouse. A versão agitada, por favor. – O DJ bateu palmas sorrindo e foi para seu aparelho de som. – Tomara que minha cantoria de banho esteja realmente boa. – Ela disse baixinho para si mesma.

A música começou e ela cantou, tão bem quanto a própria cantora da música. Ela tinha uma voz incrível, forte e cheia de harmonia. Alex abriu a boca e sorriu, batendo palmas, como todo o resto do bar. Tiffany sorriu orgulhosa, pois ela sabia que a amiga cantava muito bem.

Aos poucos Claire foi se soltando e até dançava com a música. Batia palmas e todos a acompanhavam. Alex tinha certeza de que ela jamais se soltaria desse jeito, se estivesse sóbria.

Quando terminou, todos gritavam e ela agradeceu as palmas. Ela tinha sido fantástica e estava feliz por não ter desafinado.

Alex se aproximou do palco, para ajudá-la a descer de lá. Ela se abaixou e segurou nas mãos dele, que fez força para que ela descesse sem nenhum risco de cair ou de seu vestido subir e mostrar algo que ela não queria. Ao puxá-la, ela passou os braços pelos ombros dele e pela primeira vez, seus lábios ficaram próximos. Tão próximos que os dois se olharam com uma paixão que até aquele momento, estavam escondendo um do outro. Ela sentiu a respiração dele e ele sentiu o hálito doce que saía da boca dela. Ficaram assim por alguns segundos, que mais pareceram uma eternidade, pois parecia que o mundo havia parado de girar.

– Eu sabiiiiaaaa!!!! – Disse Tiffany, pulando entre os dois, estragando totalmente o clima. Fazendo com que os dois se afastassem.

– Você e eu! Vamos ter uma conversa muito séria, mocinha! Mas será quando você estiver sóbria. – Claire estava realmente brava.

– Eu sei disso. Mas vamos beber agora! – Tif declarou, levantando o braço e puxando os dois em direção ao bar.

Duas horas depois e muitos copos vazios sobre a mesa, Claire estava muito mais bêbada que Alex. Ele sentiu que precisaria cuidar dela. Ela estava cuidando tanto dele, nada mais justo que ele fizesse isso por ela. Durante a noite toda, ele estava ignorando os olhares e comentários maldosos de Sam, em respeito à ela. Mas naquela altura, ele já estava tão saturado, que se ele o olhasse novamente com desdém, seria capaz de lhe dar um soco.

– Alex, vamos embora? – Disse Claire, com a cabeça deitada sobre o ombro dele. – Estou muito cansada. E com sono.

– Vamos. Eu te levo para casa. – Alex se levantou e passou um dos braços de Claire em seu braço, para dar apoio à ela. Ele fez um sinal para Tiffany que estavam indo embora. Ela apenas fez um positivo de longe, pois estava abraçada com um de seus amigos.

– Onde esse cara pensa que vai com a Claire? – Gritou Sam, completamente bêbado também. Alex apenas o olhou com raiva. – Ele vai se aproveitar dela! – Claire escutou o que ele estava dizendo e se virou para ele, com mais raiva ainda.

– Se ele se aproveitar de mim, Saaammm… – Ela disse o nome dele com uma voz engraçada. – Será porque EU deixei. – Claire mostrou o dedo do meio a ele, que ficou sem reação nenhuma, enquanto todos gargalhavam dele. Alex o olhou e também lhe mostrou o dedo, saindo do bar.

Lá fora, os dois davam muita risada da cara de Sam, enquanto esperavam por um taxista que Claire havia chamado. Ela tinha feito um acordo com esse taxista, de que ele iria estar por conta dela todo o mês em que ela procurava por um carro.

– Ai ai ai. Minha barriga está doendo de tanto rir. – Ela disse, se encostando em Alex. – Você tem um cheiro delicioso. – Ela disse, com o rosto afundado em seu peito. Ele deu risada e a envolveu com seus braços.

– Preciso falar do seu cheiro? Aliás… Dos seus cheiros? – Ele disse e ela o olhou, seus lábios estavam perto novamente.

– Meus cheiros? – Ela perguntou.

– Você sempre está com vários cheiros. Tem o cheiro do seu cabelo, que sempre vem quando o vento bate na minha direção ou quando você mexe neles com seus dedos. Tem o cheiro da sua pele, por causa de algum creme que você passa para cuidar dela. E tem o cheiro dos perfumes que você adora usar, que eu sempre sinto quando te abraço.

Ela não estava acreditando no que ele falava. Era exatamente assim que ela se cuidava e ele havia percebido tudo isso, em poucas vezes que eles haviam se visto. Ela se sentiu feliz e sorriu.

– Nunca ninguém havia percebido isso. – Ela disse.

Eles se olhavam com intensidade novamente. E essa intensidade só aumentava à cada dia. Uma buzina e o táxi chegou. Logo eles estavam rumo ao apartamento de Claire.

Quando desceram, ele ainda estava a apoiando e ela dava um passo de cada vez. Ela tentava subir as escadas, mas começava a rir e se sentava nos degraus. Ele a puxava, mas em vão. Então a pegou no colo, mesmo contra a vontade dela. Ela dava muita risada e ele percebeu o quanto ela era leve e cabia perfeitamente em seus braços. Ela ficou em silêncio, curtindo o carinho e os cuidados de Alex.

Ele só a colocou no chão quando chegaram à porta do apartamento ela. Era por volta das 4 horas da manhã e Claire estava faminta. Abriu a porta e ele pretendia apenas se despedir e ir embora.

– Vem! Vamos comer alguma coisa! Estou faminta. – Claire disse e saiu caminhando em direção à cozinha. Ele balançou a cabeça e deu risada.

Minutos depois eles estavam na cozinha, comendo sanduíches de frios e bebendo suco de frutas. Claire bebia bastante água também e olhava para Alex, que parecia estar completamente à vontade com ela.

– Estou muito feliz por você ter cantado hoje. E você viu que eu previ a realidade, não é?

– O que você previu?

– Você vai ser o terror das mulheres! – Ele deu risada. – Tenha certeza disso, Alex. As mulheres do bar estavam totalmente loucas por você.

– Não mais loucas que o Sam, estava por você. – Alex ergueu as sobrancelhas e Claire fez careta, rolando os olhos.

– Que homem desagradável! Aposto que daqui alguns dias, quando a ressaca moral passar, ele vai me ligar e pedir desculpas. Ou não! Porque ele é um empresário bem sucedido – Eles riram e ela brincou colocando um dedo na boca como se quisesse vomitar. – Eu acho que tenho o incrível poder de atrair apenas os homens mais problemáticos para perto de mim.

– Você é uma mulher linda e independente, Claire. Atrai homens poderosos e eles geralmente, acham que podem controlar a vida de todos. Não é culpa sua.

– Bom, minha mãe sempre fala que se eu estou solteira aos 29 anos, talvez eu tenha que me conformar que vou ficar assim para sempre.

– Sua mãe está completamente errada. Não acho que você vai ficar sozinha. Mulheres como você, não ficam sozinhas nem que queiram. – Ele deu risada.

– Já deixei de me preocupar com isso há muito tempo. – Ela levou o último pedaço de pão na boca e bebeu o último gole de suco, assim como ele.

– Não se preocupe, Claire. – Ele olhou para o relógio e era 4:25 da manhã. – Bom, vou embora. Ainda consigo dormir até as 7 horas.

– Não! Fique aqui. Pelo menos até eu dormir. – Ela colocou o copo na pia e segurou a mão dele, o puxando para a sala. Ela acendeu um abajur e iluminou um pouco a sala. Ela se sentou no sofá e puxou uma manta que estava dobrada para se cobrir. Ele se sentou aos pés dela e ficou olhando enquanto ela se aconchegava na outra ponta do sofá, entre as almofadas.

– Vamos dormir aqui, juntos. Tem outra manta ali naquele outro sofá. Pode se cobrir se quiser. – Ela ainda estava falando um pouco mole e ele apenas sorriu, olhando para ela de olhos fechados.

– Estou bem. Estou bem como há tempo não ficava. Na verdade, como nunca fiquei. – Ele disse, encostando a cabeça no sofá, em cima de seu braço. Ela abriu os olhos e eles se olharam novamente.

– Também estou me sentindo assim, Alex. Por isso quero que fique comigo. – Ela disse com a voz mais doce, que fazia o coração dele se aquecer. E voltou a fechar os olhos. Caindo em um sono profundo.

Enquanto a respiração de Claire diminuía e ela entrava no mundo dos sonhos, ele apenas a observava. Queria que ela estivesse sonhando com ele e queria também, que os sonhos bons que ambos tivessem, se tornasse realidade.

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