Exposição Imersiva de Van Gogh no Atelier des Lumières, em Paris

 

Bom! Vamos lá tentar explicar para vocês o que foi essa exposição que para mim, foi mais do que especial. Não pelo fato de eu estar em Paris e ser completamente apaixonada pelo trabalho e arte de Van Gogh. Mas acho que uma exposição assim, nos deixa tão perto da obra, que o sentimento que tive foi que eu fazia parte de tudo aquilo. E fazer parte da arte e das obras de Van Gogh, é algo grande e muito intenso. Não sei vocês, mas costumo tentar sentir algo perto do que o artista estava sentindo quando pintou ou escreveu algo. Isso faz com que a arte seja sentida em nossa pele, literalmente.

Primeiro, um pouco sobre esse grande artista chamado Vincent Van Gogh. Ele nasceu em Zundert, nos Países Baixos, em 1853. Desde criança era tido como alguém inquieto e muito sério, sempre pensativo. Teve alguns trabalhos convencionais antes de se entregar à arte em 1881. Seu irmão mais jovem, chamado Theo sempre foi uma figura forte ao lado de Vincent, sempre o apoiando financeiramente e sendo seu grande amigo. Em 1886 ele se mudou para Paris e lá conheceu alguns artistas importantes da época, mas se tornou muito amigo de Paul Gauguin, que na época, estavam se opondo a sensibilidade impressionista. Seus primeiros trabalhos pintando eram inspirados em natureza-morta e imagens de camponeses (paisagens clássicas nas telas de Vincent). Ele fez mais de dois mil trabalhos em uma questão de 8 anos. Imagina como era a cabeça e a mente desse cara!

Vincent sempre sofreu com depressão e tinha alguns episódios de ataques de raiva e agia sempre com muita impulsividade. Cortou uma parte da própria orelha esquerda em uma briga que teve com Paul Gauguin. As pessoas que o cercavam, olhavam para ele com desdém, sempre se referindo a ele como se fosse um doente mental raivoso. A verdade é que poucas pessoas conseguem entender como funciona a cabeça de um artista. Não é fácil querer uma realidade e a vida ser completamente diferente. Não é fácil ter a mente tão acelerada e cheia de criatividade, que você não sabe nem como lidar com isso. É como se a arte brotasse de dentro para fora e você fica sem saber o que fazer com aquilo tudo que praticamente jorra de você.

Van Gogh, depois de estar cansado da vida em Paris e necessitando de descanso para sua alma e mente, após passar um tempo em hospitais psiquiátricos, mudou-se para uma pequena cidade no interior da França, chamada Auvers-sur-Oise. Lá, ele continuou pintando mas continuou sendo hostilizado pelas pessoas e tudo aquilo o machucava muito. Passou sua vida praticamente inteira recebendo ataques das pessoas. Até que em um dia, ele atirou em si mesmo, no dia 27 de julho de 1890. Ele faleceu dois dias depois, decorrente dos ferimentos. Seu irmão estava com ele e até hoje, ninguém sabe ao certo o que aconteceu, como aconteceu e se foi mesmo ele que quis tirar sua própria vida. Na verdade, não sabemos nem se ele quis mesmo se suicidar. Impossível conseguir entender a mente de um artista tão visceral como Van Gogh.

O fato é que, durante sua vida toda, ele jamais desistiu de sua arte, mesmo sendo rotulado como louco ou fracassado. Ele colocava seu coração em cada tela e isso podemos ver até hoje, quando vemos de perto um quadro feito por ele. Os traços fortes, as cores, as combinações, as formas… Se eu fechar os olhos, consigo ver esse cara pintando e até ver o suor brilhando em sua testa, todo concentrado. Van Gogh foi sim um grande artista e deveria ter tido esse reconhecimento ainda em vida. É sempre uma honra ter a chance de ver de perto um quadro dele (para quem nunca viu, aqui no MASP tem obra dele). E participar de uma exposição totalmente imersiva dele, fez meu coração se emocionar demais.

O Atelier des Lumières em Paris é conhecido por sempre inovar e trazer exposições incríveis para os visitantes. Essa exposição em especial faz com que a gente realmente faça parte da obra do artista. As projeções são em 360 graus e cada canto mostrava uma parte de uma obra. Era como se a obra tivesse vida e a gente pudesse quase que tocar tudo aquilo. Em alguns momentos, até pensei que fosse 3D. projeções sempre embaladas com músicas maravilhosas. Teve até Janis Joplin e Nina Simone (imagina como eu fiquei a hora que começou a tocar Kosmic Blues, que é uma das minhas favoritas da musa Janis). Muita música clássica e temas de filmes lindos. Resumindo. Trilha mais que perfeita!

As obras mais famosas e características de Van Gogh foram projetadas, incluindo seus auto retratos, clássicos como “Noite Estrelada”, “Girassóis”, “Comedores de batata”, etc. De longe, foi a exposição mais linda e emocionante que vi em toda minha vida. Não sei se alguma outra vai ser tão especial quanto essa, pelo menos para mim. A vida desse artista sempre me balançou e após sentir que fazia parte de sua arte, impossível dizer que não fiquei ainda mais fã dele. Vincent sempre será um dos melhores. E se você estiver por Paris até o final desse ano, vale a pena conferir. Se eu voltar para Paris ainda esse ano, vou querer ir novamente. <3

Exposição Imersiva Van Gogh

Atelier des Lumiéres em Paris. www.atelier-lumieres.com

2 Comentários

    • Aldenora Abensur -

    • 23 de maio de 2019 at 18:40 pm

    Inspirador o seu texto, muito expressivo e delicado. Obrigada.

      • Talita Bortolussi -

      • 27 de maio de 2019 at 11:39 am

      fico feliz, aldenora! obrigada por estar de olho. volte sempre.

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